quinta-feira, 24 de abril de 2008

Adeus


Olá a todos
Em pequeno puseram-me na catequese para me tornar católico, ou pelos menos mais católico do que já era, pois penso que quem nasce em Portugal torna-se automaticamente católico mesmo que não seja baptizado. E eu lá andei, até me baptizarem e passar pertencer ao grandioso clube dos fans de Jesus que tem como presidente cativo Deus. Pouco depois desisti, não me dei bem com o processo de evangelização e achava bem mais interessante ficar em casa a ver o William Tell (Guilherme Tell para os amigos) que matava maçãs na cabeça do filho; nota: pai, mãe, obrigado por não serem católicos fervorosos e me terem permitido optar por não ser católico... Adoro-vos aos dois.

O que realmente me trás até vocês e ao meu blog utopicamente espectacular é o facto de eu estar com um crise de fé, amigos e amigas, eu estou a perder o benfiquismo dentro de mim... Não sei o que se passa, o SLB pode estar a levar 3-0, 4-0, 5-0... e nada, já não sinto aquele nó no estômago, já não fico deprimido nem sequer aborrecido.

Marx já dizia: “a religião é o ópio do povo”, para mim o SLB era a minha metanfetamina, adrenalina, cocaína... eu amava o Benfica... Será que me estou a curar da alienação que dizem que é provocada pelo futebol? Estarei a ficar velho? Ou pior, será que estou a tornar-me bicha! Se calhar com algumas sessões de psicoterapia eu até possa voltar a gritar o “GLORIOSO SLB....GLORIOSO SLB”, pensando melhor não, não à volta dar, foi-se. É estranho como que de um dia para o outro deixamos de amar algo e passamos a sentir-nos alegres e tristes ao mesmo tempo mas também mais leves.
Podem estar a pensar que “ele diz isto só da boca para fora”, “no ano que vem isto passa-lhe quando o Benfica for Campeão Europeu” ou até “ele está mesmo à abichanar”. Não, é mesmo verdade, já não sou do Benfica.
Quando me perguntarem qual é o meu clube nem sei o que irei responder, penso que no fundo o Benfica irá ficar para sempre no meu coração, tal qual uma ex-namorada que em tempos partilhamos alegrias e tristezas e um dia puff, acaba-se a magia. Posso ir beber um café com ela como amiga e falar sobre a vida e tal mas nada mais, tal qual como o SLB, posso ir ao café ver a bola, beber umas cervejas com os amigos mas já sem a paixão do antigamente, em que vibrava com as vitórias e sofria com as derrotas.
Desejo-te a melhor da sorte para o futuro Benfica, sem ressentimentos....amigos, acho que é melhor assim para ambos... Adeus

sábado, 5 de abril de 2008

A saúde do negócio? Vai bem obrigado!


Li uma notícia em que investigadores provaram que os antidepressivos de nova geração, como o Prozac e o Seroxat, não eram mais eficazes do que um simples placebo na maioria dos doentes que sofrem de depressão. (leia mais Público, 26.02.2008)

Uma notícia como esta não é muito positiva para a credibilidade da indústria farmacêutica. Quando tomamos um qualquer medicamento é porque acreditamos que isso nos irá curar de algo, seja a nível mental ou físico. É óbvio que o poder curativo de um placebo (uma simples pílula de açúcar) não pode ser diminuído, acredite-se ou não, em certos casos o placebo chegar a igualar ou mesmo superar o próprio medicamento, nestes casos existe algo a que se chama auto-sugestão, a mente humana é ainda um grande mistério, ocultando “poderes” algo sobrenaturais.

Notícias como esta levam-me a pensar na honestidade e veracidade de toda uma indústria farmacêutica, que colocam nas farmácias e em hospitais produtos que rendem BILIÕES DE EUROS. Não quero com isto dizer ou pensar que os medicamentos existentes são dispensáveis ou que passávamos melhor sem eles; se não fosse a evolução da indústria farmacêutica em vez dos 6,6 biliões de pessoas existentes no mundo actualmente poderíamos estar reduzidos a 1/3 desse número. Onde eu quero chegar com esta conversa toda é à face menos altruísta da indústria farmacêutica, à sua face económica, em que uma pessoa é vista por eles como consumidor ou futuro consumidor. Do ponto de vista económico penso que é mais rentável estar “ao lado da doença” do que “à frente da doença”, ou seja, é mais rentável ir curando pessoas doentes que não irão ficar totalmente curadas do que encontrar uma cura definitiva para as doenças, algo que eliminaria à partida milhões de “consumidores cativos”. Doenças como o VIH, diabetes, cancro e algumas doenças mentais crónicas por exemplo, podem apenas ser tratadas através de medicação que irá durar toda uma vida e que é bastante dispendiosa para consumidores e estado. A luz ao fundo do túnel poderá vir de novas ciências como a biotecnologia que se coloca como “rival” dos laboratórios farmacêuticos na busca de novos tipos de terapias, resta apenas saber quem também está por de trás da pesquisa biotecnológica. É tal qual a questão dos combustíveis fósseis, há mais de 50 anos que existem alternativas ecologicamente viáveis, e onde estão elas?

Na minha opinião penso que a nossa saúde está primeiramente nas nossas mãos, através de estilos de vida tidos como saudáveis podemos evitar ou pelo menos adiar a doença, por outro lado quando a probabilidade joga contra nós e passamos a estar nas “mãos” de entidades poderosas que vivem disso mesmo, da infelicidade e probabilidade de cada um de nós adoecer, o melhor é abordar a questão com tranquilidade, a mesma tranquilidade que vem mantendo as coisas como estão.


sábado, 29 de março de 2008

"O" Generation

Pijamas de criança com químicos nocivos
A associação de defesa do consumidor DECO PROTESTE acaba de testar 15 pijamas estampados para criança, tendo detectado “substâncias perigosas, que podem causar alergias e irritações na pele, em cinco”. Os resultados são publicados na edição de Abril da TESTE SAÚDE.
De acordo com esta entidade, “os pijamas Billy Blue BG Folich, Chicco Chi by Night, Noddy (Verbaudet), Ruca (Fábrica de Tecidos Jacinto) e Prénatal Little Giants Club acusaram ftalatos. O último também continha formaldeído, um químico cancerígeno”. Estas substâncias, alerta esta associação, “além de alergias e irritações na pele, acumulam-se no organismo e podem causar problemas de saúde a longo prazo. São potencialmente perigosas, sobretudo, para as crianças, cujo sistema imunitário ainda não está totalmente desenvolvido”.
fonte: Jornal reconquista

Quando em penso nas gerações passadas vem me à cabeça a geração dos “bommers” marcada pelos “hippies”, a geração X (por acaso é a minha), que até à data não nos dão nenhum nome simpático (sim! porque nada bate a cultura hippie, quem me dera ter lá estado!) e a última, a Y que é marcada por diversos nomes como: “Google generation”, “Spoiled generation”, “The MySpace generation”; eu até já ouvi falar quem vem ai uma geração V! É uma geração marcada por consumidores, que vivem quase exclusivamente em V(irtual), que fazem suas ligações sociais online por mundos virtuais, videojogos, blogs em redes sociais ou lendo informações geradas pelos usuários em sites de comércio digital.

Pois bem, eu proponho uma nova geração.

Geração O(ncológica). É que até os pijamas podem causar cancro! É inacreditável para não dizer logo foda-se! É o leite para bebés, é os produtos de higiéne, é a carne é o peixe... é a merda da evolução da industria química moderna que de bom, nem o dinheiro miserável que eles ganham condenando milhões à morte. Estár a submeter crianças, bebés sob estas agressões diárias que prejudicam o seu desenvolvimento futuro é um autentico homicidio por negligência, não dos pais, mas dos governos e das empresas que nos governam sob um espectro ultra radical do capital, sem o minimo de remorso e consciência dos actos que cometem.
Não sendo ainda pai, penso muito seriamente se valerá a pena um dia por alguém no mundo tal qual como está actualmente.

quinta-feira, 27 de março de 2008

A Humanidade

“De uma forma abstracta, Humanidade também é uma a expressão que sintetiza as características partilhadas por todos os humanos, com especial ênfase na capacidade do Homem como ser compreensivo e benevolente. O conceito de Humanidade leva-nos à noção de solidariedade estendida a todas as pessoas, frequentemente sintetizada na palavra "humanitário"”; Humanidade. in Wikipédia, a enciclopédia livre.

Segundo as teorias da evolução somos parcialmente idênticos aos seres que partiram de África à cerca de 130.000 a 200.000 anos atrás para colonizar o mundo, sobrevivendo um dia de cada vez até ao presente. Fazendo as contas aos 200.000 anos chego à conclusão que o ser Humano foi, é, e será um ser constantemente insatisfeito com o que tem e com o que é. É essa intranquilidade e inconformismo que nos demarca dos outros animais e que nos faz querer domar o fogo, dividir o átomo ou colonizar Marte. Aceitar o facto de sermos diferentes dos demais nossos vizinhos animais é algo que nos coloca entre o bestial e a besta, no meu caso acho que pendo mais para a segunda hipótese, é que olhando para os 200.000 anos de evolução dos meus predecessores sinto-me triste comigo e desiludido por eles... 200.000 anos de evolução para dar comigo a pensar em como seria bom um mundo sem guerras, sem dinheiro, sem poluição, sem racismo, sem religião, sem fome... Sim sou uma besta! Perder tempo a pensar num monte de delírios utópicos, que por muito sentido que façam não passam disso mesmo, utopias. Oscar Wilde disse: “O progresso não é senão a realização das utopias”, é visível que as únicas utopias que se transformam em realidade são talvez as menos necessárias a uma sociedade ideal e ao próprio ser Humano. Dou comigo a fazer uma vénia ao progresso e a chorar para dentro por sentir que as reais utopias Humanas foram as de crias armas terríveis que matam, inventar religiões que cegam e criar sistemas economicistas grotescos que levam o mundo à fome e ao abismo.
O ser Humano como um conjunto de seres vivos que se auto-intitula de Humanidade nunca será digno desse nome. Penso que o conceito de Humanidade é um pouco como que um efeito terapêutico de um qualquer medicamento, faz bem e é necessário, depois quando se lê os efeitos secundários, reacções adversas, efeitos tóxicos que também podem dai resultar, começa-se a duvidar desta mesma Humanidade. É assim tão solidária com bons valores e qualidades? Ou pior, não será esta Humanidade apenas um conceito placebo para uma verdadeira identidade, oculta e monstruosa que habita em cada um de nós?
Nascemos puros, morremos velhos.
Talvez o segredo seja manter uma certa dose de inocência infantil e estupidez natural sob um manto de defeitos humanos que evitem que sejamos destruídos pelo meio onde vivemos. Resta-me sonhar com o dia em que as utopias de uma criança possam ser a realidade de um adulto.

Ilustração de um homem e uma mulher, por Linda Salzman Sagan, utilizada em
placas levadas pelas naves Pioneer 10 e 11.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Bolinha azul


Não sei o que se passa com as pessoas hoje em dia, todos corremos sem saber ao certo para onde vamos nem para onde queremos na realidade ir. Talvez daqui a uns anos, 40, 50 anos olhemos para trás e ao analisarmos o início do século XXI poderemos chegar à conclusão de que a nossa geração, dos 20/30 anos foi de uma nulidade idealista completa; um hino ao niilismo passivo que nos embala como que um anestésico emocional e de desejos. Pode-se comparar o nosso tempo à grande depressão de 1929, a actual não tem a sua origem nas quedas das bolsas e não se resume exclusivamente a problemas económicos, a diferença entre as duas “crises” é que a actual não se resolve com uma retoma da economia. Vivemos numa época onde a ambiguidade de afectos e valores é visível transversalmente em todas a classes sociais, sexos, idades, religiões... pode o ser humano estar a atingir o fim da linha na sua evolução emocional? “Já não à amor como antigamente” suspiram os mais nostálgicos ou “antigamente é que era bom” reclamam os conservadores. Olhando para o nosso mundo e para quem o habita com um olhar sociológico pode-se rapidamente se chega à conclusão, estamos a viver numa época que tecnologicamente é avassaladora; desde o tecnofreak que compra o gadget topo de gama ao eremita que da sua caverna faz pesquisas online sobre receitas de bagas com raízes, todos nós vivemos sobre smog binário que lentamente vai corroendo a nossa identidade bio-psico-social, fazendo com que aos poucos nos deixemos de nos ver como seres orgânicos e sociais para passarmos a sentirmos algo digitais e centrados no prazer próprio. É óbvio que o caminho da humanidade é a evolução tecnológica, o problema é que esta evolução é directamente proporcional à falta de contacto entre pessoas, apesar de todos os meios comunicação existentes passamos a sentir a falta do feedback humano; coisas simples como o olhar nos olhos, ouvir um sorriso, o sentir a pessoa que está à nossa frente começa a fazer parte de um imaginário romântico do século XX. Hoje em dia é mais comum sentir o outro através do teclado, rato, écran e umas fotos acompanhadas de perfis esquizóides e enigmáticos que de nós nada revela; sentimos que temos centenas de amigos, que somos vistos por centenas de outras pessoas que nunca chegaremos conhecer, no fundo estamos enamorados por uma pseudo-imagem que criámos de nós mesmos e não pelo conhecer o outro(s); no fundo não queremos que nos conheçam verdadeiramente para não corrermos o risco dos outros verem o quão fútil, insípidos e perdidos nos sentimos nesta bolinha azul que nos acolhe.